2. Aquele dos 30 (e muitos)
Sandy estava certa: jovem demais para ser velha, velha demais para ser jovem
Quem tem medo dos 30? Eu tive muito. Durante muitos anos, os 18 eram minha régua de juventude. “Ufa, estou mais perto dos 18 do que dos 30”, pensava -até o dia em que completei 25 anos. Eu que sempre amei comemorar meus aniversários, passei um dia inteiro chorando pensando que eu estava mais perto dos 30 do que dos 18 e sem qualquer perspectiva de estar perto daquilo que, socialmente, havia planejado para a vida adulta.
Apesar de hoje, no alto dos meus 37, julgar meu eu dos 25, ao mesmo tempo entendo o que eu e uma geração de jovens adultos sentiram essa mesma angústia. Mas a verdade é que o discurso de que os “30 são os novos 18” nasceu justamente com a minha geração, que por sua vez, cresceu com uma visão distorcida herdada dos boomers e a ideia de ter uma vida perfeita construída (ou, o menos encaminhada) aos 30 - casamento, casa própria, carro do ano, filhos.
Com 14 anos, nos famosos cadernos de enquete, eu dizia que queria casar aos 25 com o Nick Carter, estar com 2 filhos aos 30, ter uma casa legal no ABC e ser veterinária. E, veja você: absolutamente nada disso se concretizou e o mais perto que eu cheguei desse lorotatelling que eu idealizava foi tirar uma foto com o Nick em 2015. E quer saber? Que bom que não foram.
Aos 37, moro sozinha, mudei para SP, me formei em 2 faculdades (e nenhuma delas foi veterinária) e pós graduada. Comecei a trabalhar em uma área que sequer existia 22 anos atrás e com um mercado que eu sempre amei, que é o da beleza. Por 7 anos, trabalhei no job dos meus sonhos, fazendo o que eu gosto de fazer. Não tive filhos (ainda), mas adotei duas cachorras que me salvaram nos anos emocionalmente mais difíceis da minha vida. E, apesar das coisas terem acontecido de uma maneira muito diferente do que eu sonhava, eu tenho certeza que a minha eu do passado tem muito orgulho da mulher que eu me tornei.
Mais do que conquistas, os 30 e poucos me trouxeram a confiança, estabilidade emocional e, sobretudo, a autoestima que eu nunca tive. É como se você se desprendesse das amarras, do que esperam que você seja, das expectativas alheias. É muito bom ter a experiência de poder se bancar, principalmente, na hora que você sabe o que quer e como quer. Poderia dizer que estou nesse caminho em busca da plenitude graças aos anos de terapia, mas costumo brincar que, sem a viradinha de chave dos 30, nada disso teria acontecido.
Ainda que a disposição e o metabolismo não sejam os mesmos, que o joelho não permita que eu me jogue no chão para dançar Envolver, que cada vez que eu seco meu cabelo encontro um cabelo branco diferente e que as ressacas estão cada dia mais parecendo sintomas de chikungunya, eu não voltaria no tempo para ter 15 ou 25 anos de novo.
Eu definitivamente não quero brigar com o tempo. Hoje estou mais perto dos 50 do que dos 18 e tá tudo bem. Envelhecer é inevitável e fico feliz em estar vivendo uma geração que está vivendo mais, se priorizando mais, postergando os planos para os 40, os 50, fazendo as coisas no próprio ritmo. Afinal, a vida é para ser vivida e não um roteiro escrito por outra pessoa para ser encenado. ❤️
MixtapePlaylist da Semana: nada mais nostálgico do que a MTV 90s, né? Por isso, escolhi a playlist “Meu gosto musical foi formado pelo Disk MTV” porque acho que ela diz muito da minha geração (e de muitos que provavelmente estão lendo essa newsletter)